Nova política nacional
incorpora, de imediato, 15 novos exames de diagnóstico em doenças raras no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS)
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou nesta
quinta-feira (30) portaria que cria a Política Nacional de Atenção Integral às
Pessoas com Doenças Raras no Sistema Único de Saúde (SUS). Construída
diretamente com a participação da sociedade civil e de especialistas, a
iniciativa coloca o Brasil como um dos poucos países a ter uma política nesse
sentido. Entre os avanços está a organização da rede de atendimento para
diagnóstico e tratamento para cerca de oito mil doenças raras existentes, que
passam a ser estruturadas em eixos e classificados de acordo com suas
características. Também estão sendo incorporados 15 novos exames de diagnóstico
em doenças raras, além da oferta do aconselhamento genético no SUS, e o repasse
de recursos para custeio das equipes de saúde dos serviços especializados. Para
isso, o Ministério da Saúde investirá R$ 130 milhões.
Para o ministro da Saúde, a Política Nacional de Atenção
Integral às Pessoas com Doenças Raras, que prevê a inclusão de serviços para a
assistência de pessoas com doenças raras, “não só representa um avanço nos
cuidados com esses pacientes e na redução do sofrimento de seus familiares,
como provocará uma grande mudança no SUS”. De acordo com Padilha, a saúde
pública terá que se organizar e humanizar seu atendimento, o que vai impactar
no atendimento de todos os pacientes na saúde pública. “A Política vai mudar
não só a vida de quem vive com doenças raras e de seus familiares, como dos 200
milhões de brasileiros que dependem do Sistema Único de Saúde. Os profissionais
terão que aprender a lidar com essa questão, os serviços de atendimento terão
que se reorganizar e haverá a ampliação da atual estrutura”, disse.
Criança com Doença de Gaucher |
A partir desta iniciativa, os usuários do SUS passam a contar
com uma rede de atendimento estruturada em serviços de atenção especializada e
serviços de referência, que atuarão de forma transversal às demais redes
temáticas prioritárias, em especial à Rede de Atenção às Pessoas com Doenças
Crônicas, Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, Rede de Urgência e
Emergência, Rede de Atenção Psicossocial e Rede Cegonha.
Para abranger o total de doenças raras conhecidas, o SUS passa a
classificá-las em sua natureza de origem como genética e não-genética. Desta
forma, foram elencados quatro eixos de doenças raras, sendo os três primeiros
de origem genética (Eixo I – Anomalias Congênitas; Eixo II – Deficiência
Intelectual/Cognitiva; e Eixo III – Doenças Metabólicas), e o último de origem
não-genética (Eixo IV – Doenças Raras de Natureza não Genética), dividido em três
subgrupos: Infecciosas, Inflamatórias e Autoimunes.
Para cada eixo será disponibilizado um conjunto de exames. O
Ministério da Saúde fará o repasse de recurso diferenciado para cada um desses
conjuntos. Entre os exames a serem incorporados estão: dosagem quantitativa de
aminoácidos e o quantitativo de ácidos orgânicos; ensaios enzimáticos no plasma
e leucócitos para diagnóstico de erros inatos do metabolismo; os de eritrócitos
para diagnóstico de erros inatos do metabolismo; os de tecido cultivado para diagnóstico
de erros inatos do metabolismo e a análise de DNA pela técnica de Southern
Blot.
O Ministério da Saúde também passa a financiar as equipes de
saúde dos serviços especializados e serviços de referência para o atendimento
às pessoas com doenças raras, que hoje atuam de forma dispersa em hospitais
universitários, por exemplo. Será repassado mensalmente o valor de R$ 11,6 mil
para custeio da Equipe de Serviço Especializado (composta por, no mínimo, um
médico, um enfermeiro e um técnico de enfermagem) e R$ 41,4 mil para custeio da
equipe de Serviço de Referência, cuja equipe é formada por geneticista,
neurologista, pediatra, clinico geral (atendimento de adulto), psicólogo e,
quando necessário, nutricionista e assistente social.
A partir de agora também será possível ainda criar protocolos
clínicos para a incorporação de novos medicamentos e fórmulas nutricionais. O
Ministério da Saúde deve iniciar ainda este ano essas incorporações. A nova
política permitirá ainda que mais serviços de atendimento às pessoas com
doenças raras sejam criados no âmbito do SUS. Os que hoje já prestam serviços
especializados por meio de profissionais com especialização em algum tipo de
doença rara e experiência comprovada, poderão ser habilitados pelo Ministério
da Saúde, entre médicos geneticistas, não geneticistas e demais profissionais
de saúde.
Atualmente existem mais de 240 serviços com esse perfil, para
promover ações de diagnóstico e assistência completa, com a oferta de
tratamento adequado e internação nos casos recomendados. A política também tem
o papel de ser uma ferramenta indutora da formação de especialistas na área,
incluindo geneticistas.
ATENDIMENTO - Atualmente, o SUS conta com 25 tratamentos protocolados
e oferta medicamentos para as seguintes doenças raras: Angiodema Hereditário,
Deficiência de Hormônio do Crescimento (Hipopituitarismo), Doença de Gaucher,
Doença de Wilson, Fenilcetonúria, fibrose cística, hiperplasia adrenal
congênita, ictioses hereditárias, síndrome de Turner, hipotiroidismo congênito,
osteogêneses imperfeita.
O conceito de doença rara utilizado pelo Ministério da Saúde é o
mesmo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), ou seja, de doença
que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos (1,3 para cada duas mil
pessoas). As doenças raras são caracterizadas por ampla diversidade de sinais e
sintomas e variam não só de doença para doença, mas também de pessoa para
pessoa. No Brasil cerca de 6% a 8% da população (cerca de 15 milhões de
brasileiros) pode ter algum tipo de doença rara. Estima-se que 80% das doenças
raras têm causa genética e as demais têm causas ambientais, infecciosas,
imunológicas, entre outras.
A Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças
Raras no SUS foi construída de forma participativa com a sociedade civil. Em
2012, foi instituído um Grupo de Trabalho (GT), pelo Ministério da Saúde, que
contou com a participação de representantes de Sociedades/Especialistas e
Associações de Apoios às Pessoas com Doenças Raras, para elaboração de dois
documentos que subsidiaram a criação da Política. Esses documentos foram
submetidos à consulta pública e diversas contribuições foram recebidas.
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/9294-ms-lanca-diretriz-voltada-a-pessoa-com-doenca-rara
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